“Nisto erramos: em ver a morte à nossa frente, como um acontecimento futuro, enquanto grande parte dela já ficou para trás. Cada hora do nosso passado pertence à morte.” Séneca
Nós como futuro é o gesto de desenroscar da consciência de Deus, como se fosse uma serpente que rasteja mansa e subtilmente até amanhã – quando um corpo se move, ocupa um espaço, sempre, o espaço presente. Se um corpo se movesse e fosse o seu movimento visível (como na fotografia, o arrastamento) esse espaço invisível mas perceptível entre dois pontos é o corpo que caminha para o futuro: o futuro é, por isso, um caminho e não um espaço, ou um lugar, ou uma zona. Sempre que nos deslocamos: há futuro. A dança é uma construção nitidamente futura. Nós, aqui, e um sem número de tempos das rochas lá fora e das células cá dentro: antes e depois de nós a ser o mesmo – e é preciso olhar- se para dentro da eternidade que reside em cada corpo, cada corpo é eterno; é preciso olhar-se e dançar- se no limite da possibilidade de derivar o próprio tempo que é a arte: estar presente como simulacro de uma vida inteira.
Ficha Artística
Direcção Artística, Plástica e Coreográfica | Daniel Gorjão
Dramaturgia | Sara Carinhas
Assistente de Movimento | Maria Azevedo Carvalho
Música e Desenho de Som | Miguel Lucas Mendes
Desenho de Luz | Sara Garrinhas
Interpretação | João Villas-Boas, Annabel Barnes, Brent Williamson, Carla Pereira, Catarina Lourenço, Isabel Frederico, João Petrucci, Mário Franco, Maria João Pinto e Paulina Santos
Produção | Companhia Nacional de Bailado
Estreia
Este espetáculo, tinha estreia agendada no Teatro Camões de 27 a 29 de Junho de 2019. Não chegou a estrear devido à greve de trabalhadores da OPART.